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Coronavírus e nova crise do petróleo comprometem crescimento econômico em 2020

O novo coronavírus implodiu o potencial de recuperação econômica em curso na China, com impactos diretos nos serviços e na inflação, e impactos progressivos na indústria e nas cadeias de valor não somente chinesas mas, sobretudo, globais. A avaliação é de Lívio Ribeiro, pesquisador do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (IBRE/FGV). Ribeiro esteve, dia 12/03, no Conselho Empresarial de Economia da Firjan.

“Esses impactos irão se retroalimentar com o aumento da expansão global da epidemia, o que já estamos vendo. Também cresce a pressão sobre a gestão de políticas públicas, monetária e fiscal dentro e fora da China. E essa pressão aumenta o risco de erro em todas as economias”, destacou Ribeiro.

O pesquisador explicou ainda que paralelos traçados entre o coronavírus e a SARS são equivocadas. “A economia chinesa atual é muito mais integrada às cadeias globais de valor. É uma China maior e mais relevante do que em 2003. Os efeitos tendem a ser muito mais severos. A China já vinha atravessando um processo de desaceleração econômica que reduziu o comércio mundial; e o coronavírus é o imponderável que veio para agravar isso”, frisou.

Segundo Jonathas Goulart, gerente de Estudos Econômicos da Firjan, a epidemia foi o cisne negro de 2020, pois as projeções, no final de 2019, eram positivas. “Tivemos melhora no crescimento econômico, sobretudo do estado do Rio, que ficou acima do PIB nacional, puxado pelo mercado de óleo e gás. A taxa de juros próxima à inflação, também sinalizava 2020 como um bom ano. Tudo era corroborado ainda pelo ótimo indicador de confiança do empresário”, lembrou.

Goulart ressaltou que o coronavírus, como um evento novo e inesperado, deve ser compreendido a partir de seus efeitos econômicos e psicológicos na população. “Observamos um aumento nas pesquisas do Google por álcool gel, máscaras, cancelamento de viagens. Isso já mostra o efeito psicológico da pandemia na população”, analisou.

Como efeitos econômicos concretos, Goulart sublinhou que alguns setores já sofrem com problemas de recebimento de materiais, componentes e insumos da China. Pesquisa realizada pela Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica (Abinee) mostra que 70% das empresas tiveram algum tipo de impacto.

Olhando os efeitos no PIB regional, o Centro Oeste, maior exportador de commodities para a China, será o maior afetado. “O primeiro impacto que teremos de modo mais intenso será na redução de commodities. O Rio registrará queda, não tão grande como a do Centro Oeste, mas significativa também para o mercado de óleo e gás”.

Cenário de crise

O cenário, segundo Goulart, se agrava ainda mais com a nova crise do petróleo. “É uma crise dentro de outra. Se olharmos o orçamento do Rio em 2019 e em 2020, a expectativa, de acordo com nossas projeções, é de um prejuízo de R$ 2,3 bilhões aos cofres do estado por causa da perda de arrecadação de royalties. A situação é complexa. Os impactos que o setor extrativo deverá sofrer por conta do coronavírus, associados a uma taxa de câmbio mais alta e ao preço internacional do petróleo, são uma nova tempestade perfeita sobre o orçamento do estado”, avaliou.

Além do debate, o Conselho também abriu espaço para especialistas em saúde da Firjan SESI poderem tirar dúvidas dos empresários. “O Conselho trouxe essa pauta urgente à discussão para auxiliar os empresários. É nosso objetivo dar interlocução para as empresas nesse momento delicado, escutando seus pleitos para que possamos lutar juntos e minimizar os efeitos dessa epidemia”, disse Sérgio Duarte, presidente do Conselho.

Fonte: Firjan

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