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ESTUDO DA FIRJAN DEFENDE PLANTIO DE FLORESTAS PARA ECONOMIA SUSTENTÁVEL


“Perdemos oportunidade econômica por não termos disponibilidade local de madeira in natura. O elevado custo de transporte desse produto faz com que a indústria procure se localizar em áreas próximas à produção florestal. Como um dos objetivos do Sistema FIRJAN é desenvolver o estado do Rio, é importante termos uma base de plantio de florestas”, explica Antônio Salazar Brandão, coordenador do Grupo Executivo de Agroindústria da Federação.


Para atender ao consumo atual das indústrias locais, o estado deveria ter 119 mil hectares de plantios florestais. Mas há somente 18 mil hectares, segundo estudo de 2009 da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ), apesar de as áreas de “pastagens naturais” e “pastagens plantadas degradadas” somarem 685 mil hectares no território fluminense. O dado é do Censo Agropecuário de 2006, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).


Além de tornar mais competitivas as empresas que utilizam insumos de madeira, o desenvolvimento de uma base florestal no estado do Rio poderia atrair indústrias de maior valor agregado, como produtores de painéis de fibra de média densidade (MDF) e compensados, que oferecem, por exemplo, portas e pisos.


Atualmente, o estado já é um dos principais consumidores de produtos de base florestal do país. “O estado do Rio é um grande consumidor nacional, ficando atrás apenas de estados onde há forte presença de empresas de celulose e painéis industrializados”, destaca Salazar. As unidades da federação com consumo maior são: São Paulo, Paraná, Santa Catarina, Rio Grande do Sul, Mato Grosso do Sul, Bahia e Espírito Santo.


Segundo o estudo, do consumo total fluminense – que atingiu3,6 milhões de metros cúbicos equivalentes de madeira em 2012 –, o uso energético na indústria de cerâmica e em outros ramos industriais correspondeu a 29% do total. A construção civil respondeu por 23%, e a siderurgia a carvão vegetal, por 8,3%.


Outras destinações (produção de móveis, embalagens, madeira para uso estrutural no agronegócio, entre outros) respondem pelo consumo de 39,6%. Entre os produtos de base florestal, a participação do estado no mercado nacional de compensado atingiu 27,4% em 2012. O consumo de lenha para fins energéticos tem participação de 2,2% no consumo nacional.


O mercado consumidor fluminense é composto por indústrias de transformação primária (que processam a madeira in natura) e secundária (produtores de embalagens de madeira, caixarias etc.), setor varejista (que abastece redes de material de construção, construtores) e os consumidores finais industriais e domésticos, principalmente empresas de construção civil e indústrias que consomem a madeira para geração de vapor e energia.


Estudo recomenda plantio de florestas em 15% dos 685 mil hectares de pastagens naturais ou degradadas


“A indústria de base florestal é importantíssima, pois tem capacidade relativamente grande de criar empregos tanto na indústria quanto na agricultura, uma vez que para desenvolver o setor é preciso ter a madeira próximo. Muitas indústrias não vêm para o Rio porque não temos a madeira aqui. Nosso consumo é alto, mas o número de indústrias que processam madeira é baixo”, frisa Salazar.


O estudo encomendado pelo Sistema FIRJAN recomenda o plantio de florestas, nos próximos cinco anos, em 15% dos 685 mil hectares de pastagens naturais ou degradadas, o que permitiria a geração de 48 mil empregos por ano, e atrairia a implantação de indústrias competitivas de processamento de madeira, sem prejuízos para a agricultura e a pecuária. Ano passado, a cadeia produtiva da madeira movimentou cerca de R$ 500 milhões no estado do Rio. O setor emprega 30 mil pessoas e gera R$ 132 milhões de arrecadação aos cofres públicos.


O retorno sobre o capital investido em plantios florestais varia de 6% a 12% ao ano, valor superior ao proporcionado por atividades tradicionais como a pecuária extensiva. “Há atividade florestal nos estados vizinhos. No Rio, a legislação é um desafio a ser enfrentado, pois dificulta o plantio de florestas”, afirma Salazar.


Impacto nas indústrias


A Cerâmica Santa Izabel, de Itaboraí, representa um exemplo típico enfrentado no estado. Segundo Edézio Gonzalez Menon, sócio da empresa, 90% da madeira utilizada para fins energéticos vêm de fora do estado, principalmente do sul da Bahia e norte do Espírito Santo. São resíduos de eucalipto não usados na indústria de celulose. O restante é proveniente do próprio estado do Rio, incluindo material de serrarias e resíduos de obras.


“A madeira representa 25% do meu custo de produção. Dois terços do custo da madeira da Bahia se referem ao valor do frete”, calcula ele, que também é presidente do Sindicato das Indústrias de Cerâmica do Estado do Rio de Janeiro – Região Leste (Sincer – Leste).


Menon critica a falta de estímulo para o plantio florestal por parte do governo do estado. “Se tivéssemos feito isso há 20 anos, estaríamos abastecidos. Agora as terras em Itaboraí ficaram muito caras, em função do Comperj, o que inviabiliza o plantio em áreas próximas”, avalia.


Empresa autossustentável


Na Quimvale, empresa do setor químico localizada em Barra do Piraí, o cenário é bem diferente. Ela foi pioneira: preocupou-se com a sua dependência de madeira em 1984, quando decidiu adquirir quatro fazendas da região para suprir as próprias necessidades de energia.


Hoje, a produção da Quimvale Florestal supre a demanda da matriz e ainda vende o excedente para serrarias, lojas de material de construção e indústrias de cerâmica. São 1.100 hectares de plantio de eucalipto em uma área total de 1.800 hectares. A diferença corresponde a áreas restritas ao plantio em decorrência da legislação ambiental.


“A madeira para fins energéticos não pode estar longe do local de consumo, porque aumenta o custo de produção. Eu calculo ser viável num raio de 100 km. Por isso, acho que o estado do Rio precisa incentivar o plantio, mas a legislação estadual inviabiliza a plantação em áreas acima de 200 hectares, ao passo que a legislação federal limita em 1.000 hectares”, ressalta Francisco Loureiro Muniz, diretor da Quimvale Florestal.


Em 2009, a Quimvale Química passou a demandar ainda mais madeira de sua subsidiária. A indústria decidiu substituir pela madeira todo o gás que ainda era usado para combustível. “Resultou em uma economia de 40%”, afirma Muniz.


A empresa planeja expandir a área de plantio adquirindo novas terras ou incentivando terceiros. “A atividade remunera o produtor e gera um emprego a cada dez hectares em uma área crítica, que é o campo. Já temos difundido conhecimento sobre o plantio na nossa região, que não possui tradição em florestas comerciais”, acrescenta.

 

Fonte: www.firjan.org.br

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