Segundo especialistas, a recuperação do setor passa pela adoção de novos produtos, serviços e tecnologias. Uma das saídas é a mecanização, que traz métodos e resultados mais rápidos para o canteiro de obra.

Assim, parte do trabalho para a construção começou a ser realizada por maquinários mais eficientes, tanto em velocidade de execução quanto em redução de consumo de matérias primas. Esses pontos refletem em maior produtividade no curto prazo e em reduções de custos e conclusões mais rápidas dos projetos no longo prazo.

Para o engenheiro Angelo Just, diretor técnico da Tecomat Engenharia, ainda que o conceito possa ser parecido, o entendimento sobre automação está mais relacionado ao uso de equipamentos eletrônicos que, eventualmente, possam auxiliar na execução dos serviços, mas não se trata de algo ainda comum em obras.

“Já a mecanização se refere à migração dos processos manuais usados durante nas diversas etapas de execução dos sistemas de argamassa (mistura, transporte, aplicação) para o emprego corrente de equipamentos mecânicos para preparação da mistura, transporte até o local de aplicação e o lançamento), por exemplo”, explica.

Angelo ainda considera a indústria da construção muito conservadora, com processos tradicionais de execução, que culminam com baixos níveis de produtividade e perdas acentuadas de materiais. Ao contrário da indústria seriada, onde o produto “sai” e a fábrica “fica”, na construção civil a unidade fabril tem de ser instalada em cada local. Depois de finalizado o serviço (concluída a obra) toda a estrutura é desmobilizada e novamente remontada em novos locais.

“Com isso, há uma natural maior dificuldade de padronização de processos, levando a prejuízos diversos de recursos físicos. Outro ponto importante é que, em processos executados manualmente, parte do sucesso obtido é dependente da destreza e habilidade do operário envolvido. Assim, a evolução nos processos de mecanização favorece a padronização das atividades, aumentando a produtividade e a homogeneidade dos serviços, reduzindo a influência do fator humano na qualidade final do produto entregue”, aponta.

Atualmente, a perda dos materiais totais utilizados em uma obra gira em torno de 5% a 6%. Um planejamento detalhado e bem estruturado demanda tempo, mas gera mais eficiência na gestão de materiais e reduz os prazos de execução. A mecanização pode trazer ganho de produtividade, pelo fato de reduzir a quantidade de esforço (homem x hora) gasto para a obtenção do serviço desejado (metro quadrado aplicado, por exemplo), e a expressiva redução nas variações observadas, muito decorrente da menor dependência da destreza do operário nos resultados encontrados.